Conexões de Saberes-UFG

11 setembro, 2006

Extensão e Formação

Extensão e Formação

Em outubro deste ano acontecerá o 3° Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, em Florianópolis - SC. Ao preparar um artigo para submetê-lo ao evento, fiz uma reflexão profunda sobre a importância dos programas de extensão na formação acadêmica, afinal, qual a necessidade de se fazer projetos de ações nas comunidades?

Mas a indagação não pode se reter apenas desse debate, é necessário debatermos também o papel das instituições de ensino diante de duas frentes de ações, às vezes antagônicas devido suas estruturas metodológicas, que as Universidades buscam investir forças na atual conjuntura. A formação profissional e acadêmica e o atendimento às comunidades locais como forma de cumprir um certo "papel social da instituição".

Diante disso, necessitamos compreender o processo de constituição da escola pública no Brasil e sua ideologia liberal. As influências de outras ideologias e movimentos do final do século XIX e início do século XX. Entendermos como a nossa escola pública ainda é nova e está com seu tronco sustentáculo em constituição. Mas também, é importante ressaltar que esse processo se torna mais interessante se continuar em formação por toda a existência da escola, pois não podemos confiar em uma escola que está pronta e acabada para a sociedade e sim na escola que está em permanente processo de constituição.

A escola é um espaço de contradições (LIBÂNEO, 1985), mas de um pensamento hegemônico baseado na ideologia liberal(HILSDORF, 2004) e portanto, antagônico ao processo de democratização de suas estruturas materiais e imateriais para a sociedade contemporânea. Pensar em extensão é pensar em grandes desafios de tornar democrática uma estrutura calcada no individualismo e na fragmentação do ser.

Pensar em mudanças estruturais é pensar acima de tudo em mudanças superestruturais, já dizia Milton Santos, acrescentando que o inverso também se faz necessário, ou seja, não adianta mudarmos a ideologia de um projeto pedagógico, se não mudarmos a estrutura disponível para este projeto, pois uma estrutura escolar foi criada dentro de uma ideologia predominante que a projetou para atender seus objetivos.

Por quê a proposta de Paulo Freire foi trabalhada fora do sistema de ensino formal? Uma das justificativas pode ser a estrutura do sistema e suas implicações no ensino de jovens e adultos, excluidos do processo de alfabetização. As estruturas são excludentes, a começar pelo processo seletivo.

Agora imaginem vocês as dificuldades de se implantar projetos e ações de extensão sem se cometer incoerências e equívocos com o saber popular. Romper a dicotomia existente entre saber ciêntifico e saber popular. Milton Santos diziam também que o que escrevemos na academia só serve para a academia, o geógrafo não consegue escrever para a sociedade e necessita em muito da compreensão do modo de vida dessa sociedade para estudar a sua organização socioespacial.

Esses assuntos estão abordados no artigo "A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E A FUNÇÃO SOCIAL DA GEOGRAFIA" de autoria de Ubiratan Francisco de Oliveira - Bolsista de Extensão do Programa Conexões de Saberes e Pesquisador do Laboratório de Geografia Humana do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás - e-mail ubiratanfrancisco@yahoo.com.br

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