Conexões de Saberes-UFG

16 agosto, 2006

A intolerância é um problema histórico?

Historicamente a intolerância está presente nas relações humanas, sejam elas interpessoais ou entre grupos culturais e sociais distintos. Esta é uma prática que se justifica através da historicidade e religiosidade de um povo, de modo que atos de intolerância vêm sendo praticados nos dias atuais de modo sutil, quase imperceptível.

É comum explicitarem diariamente em jornais e revistas casos de pessoas ou grupos que se odeiam e não se respeitam. A exemplo temos o assassinato do adestrador de cães Edson Neris da Silva, morto a pancadas no centro de São Paulo por um grupo de skinheads e o ato terrorista de 11 de setembro o qual legitimou a invasão do Afeganistão por parte de uma determinada nação Norte-Americana. As ações extremadas em defesa de ideologias são sem dúvida as mais freqüentes formas de dizer ‘Odeio você(s)’. As perseguições políticas, as torturas, humilhações e desaforos deferidos contra minorias, endossam a lista dos atos que desafiam a razão humana.

O passado histórico das nações determina suas culturas e tradições, as quais são, para muitos grupos conservadores, o instrumento para extravasarem sua irracionalidade e justificarem seus atos bárbaros contra negros, homossexuais, estrangeiros, pobres, índios ‘nativos’, moradores de rua, etc.

Nações africanas tratam a "ferro e fogo" os homossexuais que vivem em seu território e as européias não poupam os maus tratos aos imigrantes que ali chegam em busca de trabalho. Na América a situação não é diferente. Os direitos humanos nessas nações parecem não ter o menor significado diante da brutalidade exercida por grupos de extermínio e políticos corruptos que defendem com todas as forças as tendências tradicionalistas.

Sustentada pela moral e pelo discurso democrático salvador, uma nação americana foi e é capaz de bombardear durante dias seguidos um país no oriente, onde a palavra democracia não faz tanto sentido assim. (Mas é compreensível a necessidade que se tem de ostentar o poderio bélico e econômico perante o mundo, uma vez que a intolerância é algo estranho e inaceitável para quem a pratica, o mais importante neste caso é a manutenção da superioridade, da honra e da balança comercial e não a diferença ou o reconhecimento do outro como ele o é).

A estrutura do argumento em favor da intolerância é fundamentada no ódio, que sem resquícios de dúvida é um dos habitantes mais antigos da natureza humana, porém não mais é declarado e sim ocultado nas entranhas sociais, constituindo certas delimitações para ações de grupos ou indivíduos. A arquitetura das leis das nações modernas, na maioria das vezes traz em seus desenhos leis e artigos que sustentam a igualdade entre os seres humanos, esta igualdade muitas vezes é tratada a penas como igualdade de direitos civis e as diferenças individuais, culturais, religiosas, raciais juntamente com diferenças de gêneros e preferências pessoais, não recebem atenção adequada, deixando a sociedade no aguardo de ações que estipulem regulamentações ou parâmetros que sejam capazes de oferecer a tranqüilidade esperada para um relacionamento social saudável. Ao contrário trás em si as dimensões impotência e fragilidade, possibilitando apenas paliativos inadequados às mazelas que o mundo globalizado enfrenta.

O modelo de pensamento ocidental neste momento apresenta suas deficiências e é incapaz de construir uma sociedade na qual os valores e as preferencias individuais são respeitados na sua plenitude. Para que este quadro seja revertido torna-se necessário a construção imediata de uma sociedade em favor da tolerância mútua, ou seja, que não minimize o problema da tolerância/intolerância dos indivíduos e grupos, mas que o trate como questão social, política e econômica e que a História não seja um fator de legitimação da estupidez humana.
Goiânia, Agosto de 2006.
sidyleite@yahoo.com.br
Sidi Leite

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial