Conexões de Saberes-UFG

27 fevereiro, 2007

Um relato Apaixonado

Difícil dizer o que significa fazer parte do Programa Conexões de Saberes...Sob vários aspectos, participar desse projeto representa para mim uma experiência de grande valor. Esse texto não tem a pretensão de explanar a totalidade do significado dessa experiência, mas confesso que nele está embutida a pretensão de falar em nome dos demais colegas participantes e quem sabe até o de suscitar uma boa discussão.

Conexão! Do latim, connexione. De acordo com um dicionário on-line qualquer: Ligação; nexo; vínculo; união; coerência. O PCS tem me ensinado quanto valor essa palavra carrega consigo....Conexão resume a essência desse projeto em que o saber acadêmico se conecta ao saber popular e assim nos ensina que não faz sentido que a universidade se restrinja aos campi e revela como essa integração pode ser vantajosa para ambos os envolvidos.

E o melhor foi perceber, logo nas primeiras reuniões, que não são apenas os saberes que se conectam. O PCS também foi capaz de conectar-me comigo mesma numa prazerosa descoberta interior. Na universidade, ambiente em que a esmagadora maioria vive uma realidade econômica e social diferente da minha, por vezes me sentia fora de contexto e incapaz de prosseguir na formação acadêmica com o mesmo grau de desenvolvimento daqueles que tiveram tantas oportunidades que sempre estiveram além das minhas.

O PCS, entretanto, me presenteou com um conceito: Estudante Universitário de Origem Popular. Muito mais que uma sigla, EUOP significou um espelho, um incentivo e, sem nenhum exagero, uma revolução. Da vitimização passiva ao engajamento, do receio e sentimento de inferioridade ao desejo de crescer aliado à confiança de que há portas abertas; do ressentimento por fazer parte de uma parcela menos privilegiada da sociedade ao crescente senso da responsabilidade de fazer parte da mudança.

Na verdade, não atribuo toda essa transformação ao conceito isolado de EUOP, mas ao fato de que ele veio acompanhado de um grupo no qual pude me reconhecer. Pude observar, cumprimentar, conversar com pessoas que, como eu, vieram de escolas públicas, moram em bairros distantes, pegam ônibus, pechincham (...)

Isso fez com que o estranhamento com relação à academia, desse lugar ao início de um delicioso momento em que me percebo protagonista no processo de formação, dotada de voz e força para não somente permanecer com qualidade na graduação, como também interferir na realidade social e até mesmo motivar os demais EUOP que ainda não conhecem ou não assumiram para si essa identidade.

O que quero frisar nesse momento é que, ao menos para mim, o Conexões de Saberes só teve esse efeito porque trata-se de um GRUPO. De todas as conexões que podem ser feitas por meio desse programa, a que exerceu maior relevância sobre mim foi a Conexão de Pessoas. Me reunir com os colegas em cada atividade, compartilhar de conhecimentos de diferentes áreas, seja ensinando ou aprendendo, passar pelos corredores do Campus ou nos ônibus lotados e terminais da vida e encontrar com membros do grupo, acenar de longe ou conversar longamente com cada um de vocês, assumiu, em minha vivência, um valor imensurável. Em cada simples aperto de mão, me sinto GRUPO, e, portanto, forte.

Peço desculpas se para alguns esse texto possa parecer melancólico ou apaixonado, mas essas palavras transmitem toda a importância que atribuo a esse programa e à maravilhosa experiência que tem sido conviver com vocês (no que se inclui nossas coordenadoras) e descobrir nas nossas semelhanças e diferenças, a beleza de ser um grupo. Espero que não nos esqueçamos disso e daquela velha história dos gravetos, que, juntos, não podem ser quebrados.

Fran Rodrigues, estudante de jornalismo e Voluntária PCS

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