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27 fevereiro, 2007

Um pouco de história não faz mal pra ninguém

Israel, do início a algum futuro incerto

Semitas, seguidores de Sem


O nome semita vem de Sem, filho primogênito de Noé. Daí surge às denominações: hebreus (Heber), arameus (Aram) e outras tribos de homens descendentes de Sem. Noé, o construtor da Arca que salvou do dilúvio um casal de cada espécie de todos os animais do mundo, teve mais dois filhos, Jafet e Cam.

Cam, o mais novo, amaldiçoado por zombar da nudez de seu pai, origina todos os povos inimigos de Israel (babilônios, fenícios, egípcios, filisteus,...). O território de Canaã, atual Palestina, foi erguido pelos descendentes de Cam, daí a obsessão semita liderada por Abraão, transmitida por Deus, em tomar a terra prometida, pois aquele povo “renegado” não merecia uma terra tão fértil e o povo eleito era o de Israel. Jafet descende os povos neutros que atualmente são os indo-europeus.

Tudo o que foi dito no parágrafo anterior pode ser questionado por qualquer pessoa. Até porque estes são dizeres bíblicos e estas foram às impressões deste jornalista que vos escreve. Mas quem tiver interesse em compreender melhor quem foi Noé e seus filhos leia Gênesis – primeiro capítulo da Bíblia - ou converse com algum leitor do livro sagrado dos cristãos. Mas as opiniões são as mais variadas, é só observar o tanto de igreja que existe por aí.

Os Patriarcas de Israel

Vivendo sobre constante conflito na Mesopotâmia, os hebreus se apegam ao profeta Abraão que recebe um sinal divino para rumarem à terra de Canaã. Após vários contatos com Javé, Abraão fortaleceu seu povo em torno do monoteísmo que o provinha e solidificou os hebreus que, por acreditar que a terra são deles por direito divino adquirido, criaram o atual estado de Israel.

Mas para chegar onde estão hoje os judeus foram escravizados no Egito, tiveram seu principal templo destruído pelos romanos, sobrando somente o Muro das Lamentações. Foram obrigados a saírem em varias diásporas a mundo afora e com a negação a Jesus Cristo, principal profeta cristão, sofreram com o anti-semitismo em toda a Europa, desde a adoção, por parte de Roma, do cristianismo. No feudalismo se tornaram novos cristãos, proibidos de praticarem sua cultura e o ápice do ataque foi com o holocausto na Segunda Guerra Mundial que fortaleceu o movimento conhecido como sionismo a fundarem o Estado de Israel.

O movimento nacionalista judaico

No século XIX a maior parte dos judeus se encontrava nos países da Europa oriental. Com o crescente nacionalismo na região, motivado pela unificação italiana e alemã o “povo eleito” entrou no clima e começou a se unir em torno da causa judaica. Em 1897 o Sionismo surge com o ideal de recriar uma nação judaica livre de perseguições e com garantias públicas e legais, aceita internacionalmente.

O jornalista e escritor Theodor Herzl formou o movimento que teve seu primeiro encontro na Basiléia, Suíça, reunindo 197 representantes de 17 países para escolher um local onde o povo sem pátria e espalhado por todo o mundo pudesse se juntar em uma nação. A idéia de se instalar na Palestina não era unanimidade, pois muitos preferiram ir para a América e outros viam outras regiões – Argentina, Chipre e Congo – como melhores instalações.

Contudo a idéia de voltarem para a terra prometida foi comprada por grandes capitalistas que começaram a financiar a aquisição de faixas de terra na Palestina, apoiados, entre outros, por jovens de esquerda, e formarem os Kibutzim (comunidades agrícolas). O sionismo, dentro dos organismos internacionais garantiu grandes vitórias, o que ocasionou em 14 de maio de 1948 na criação oficial do Estado de Israel pela Organização das Nações Unidas, ONU.

Os grandes apoiadores

Naquele momento de consolidação do estado israelense as grandes potências tiveram um posicionamento que fortaleceu o novo governo provisório. Tanto que Israel, mesmo sendo a minoria, conseguiu ganhar todas as guerras e conquistar mais territórios, expulsando palestinos, egípcios, sírios, jordanianos das terras tomadas. Importantes nomes judeus participaram, e muito, na busca de apoio para erguer a estrutura do novo governo.


David Bem-Gurion, o primeiro chefe de governo, estrategista que segurou todas as ofensivas árabes e ainda conquistou territórios, o rabino Fishman, que apoiou todas as ofensivas israelenses contra os árabes, o filosofo Aharon David Gordon, que construiu um discurso de estado e serviu de exemplo virando agricultor em um Kibutzim, o presidente Warren Harding, propagandista implacável, fazendo bem o seu papel de presidente onde quem manda é o primeiro ministro, o cientista Albert Einstein e até Martin Luther King Jr. usaram toda a força que tinham para apoiar e consolidar o estado judeu.

Martin Luther King Jr. na sua luta pelos negros norte-americanos teve como exemplo a busca dos judeus por um estado independente. O movimento negro dos EUA até buscou criar um estado próprio na África.


O comprometido Einstein


“Fiquei profundamente comovido pela oferta que me foi feita em nome de nosso estado, Israel, mas também triste e perturbado, pois me é impossível aceitar essa proposta...” esse é o inicio da carta feita pelo cientista Albert Einstein onde rejeita o convite de ser presidente do estado de Israel após a morte de Warren Harding em 1952.


O cientista viveu o difícil momento que passava o povo judeu espalhado por toda a Europa. O mesmo disse ter “chorado lágrimas de sangue” ao ver tanto sofrimento e preconceito contra seu povo. Com o holocausto renegou de vez a pátria de origem - Alemanha – nunca mais indo até o país. Einstein não queria ver somente uma demonstração a mais de nacionalismo, mas após se envolver com os sionistas abraçou a causa.


Apoiou a formação da primeira universidade hebraica e por ela viajou para os EUA na busca de recursos que pudesse financiar a edificação. Foi recebido como muito fervor (o motivo: seus conhecimentos sobre o uso nuclear, mas não contem para ninguém). Já em visita a Israel deslumbrou o renascimento da alma judaica. Se preocupou com o crescente conflito com os árabes, vendo erros dentro do próprio estado judaico, sem aprovar o nacionalismo defendido por burocratas e intelectuais irmãos.

Antes de morrer, em 1955, deixou uma carta direcionada para as comemorações do sétimo aniversário do Estado de Israel preocupado com os rumos das relações com os vizinhos árabes, defendendo a paz entre os povos em nome da verdade e justiça.

Esse texto não é uma defesa ao Estado Judeu e sim história.

Vasconcelos Neto, estudante de Jornalismo e Bolsista

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