Conexões de Saberes-UFG

16 setembro, 2006

CLARISSE

Certo dia se encontrava numa fila de banco, como qualquer pessoa, estava ali parada, distraída e só mesmo prestava a atenção nas pequenas crianças que brincavam despreocupadas na porta giratória. Foi quando sentiu que o ser que ocupava a posição menor na fila lhe tocava as costas. Era Josiane que com um sorriso lhe entregou o broche em forma de cavalo marinho que acabara de cair sem que ela percebesse. Ela agradeceu e até explicou que fora um presente do primeiro namorado, depois se virou e voltou a observar as crianças.

No momento seguinte ao escândalo feito pelo menino que fingiu ficar preso na porta, devo acrescentar que a interpretação foi digna de um grande ator, mas ela se deteve somente com um discreto sorriso.

Mesmo antes de o banco se acalmar, houve um enorme barulho e as pessoas se afastavam de Josiane que jazia no chão em uma intensa crise de epilepsia, mas rapidamente foi socorrida pelos bombeiros, ela foi levada a um hospital, ali nas proximidades do banco e depois de algumas horas foi levada para casa por Clarisse, que a acompanhou desde o instante em que caiu.

O sentimento de gratidão foi mutuo, os telefonemas eram freqüentes, havia sempre a preocupação com a saúde de Josiane e com o descuido de Clarisse. Saíram juntas algumas vezes, chegaram a fazer planos para conhecerem um clube só para mulheres, mas acabaram em um jantar beneficente promovido pelas freiras do Lar Fabiano de Cristo, instituição que D. Glória, mãe de Clarisse prestava doações mensalmente.

Depois de uma hora de conversa, D. Glória não estava a vontade, pois a presença da amiga da filha a incomodava, deixava a desconcertada e sem assunto, portanto a enxaqueca dissimulada foi importante, pediu desculpa e se retirou. Clarisse insistiu em acompanhá-la, mas foi aconselhada a ficar e se divertir.

Ao chegar em casa, Clarisse encontrou a mãe tomada por uma inquietação sem precedentes e desde então notou grandes mudanças no comportamento de sua genitora e as coisas começaram a ficar a cada dia mais complicadas, isto é, passou a ser comum os choros de D. Glória pelos cantos, insônia, passeios noturnos, conversas solitária e como se não bastasse, a matriarca ainda fazia torradas, lavava as cortinas e as janelas, regava as plantas e até trocou uma telha da cozinha na ultima madrugada.

As coisas pioravam sensivelmente, e sempre que Clarisse se aproximava era recebida com um certo desinteresse, chegou a sugerir o tratamento com um profissional, quem sabe alguém especialista em comportamento humano ou psicólogo especializado em doenças de ordem psicológicas, mas foi repreendida veementemente e a culpa acabou ficando com o cão que rasgou o tapete e com a crise financeira que vem assolando o país nos últimos meses e que em virtude desta, as vendas caíram drasticamente.

Clarisse procurou a amiga para dividir o problema, foi ouvida com entusiasmo e preocupação e logo em seguida foram até a cozinha, local onde Josiane contou lhe com detalhes que sua mãe havia lhe deixado em uma instituição de freiras ainda quando era só um bebê e que teve muitos problemas para chegar a vida adulta, pois sua doença atrapalhava até mesmo a vida acadêmica, reclamou dos poucos e rápidos namoros, do reduzido numero de amigos e da falta que uma mãe lhe fez pela vida afora e no momento em que se dirigiam ao quarto, mais uma crise e foram as duas para o hospital.

Nas semanas seguintes o laço da amizade entre elas fora se apertando e a presença de Josiane na casa de Clarisse passou a ser mais freqüente, ao passo que também aumentou a freqüência dos ataques epiléticos e as crises de loucura de D.Glória que agora não eram raras as vezes que substituía o açúcar do café pelo sal do feijão, trocava sempre os moveis de lugar e surrava o pobre cão regularmente.

A amizade entre as meninas se intensificou e D.Glória passava cada vez mais tempo na rua, sua insanidade se acentuava na medida em que as preocupações de Clarisse se tornavam um tormento e sempre ao chegar em casa indagava a filha a respeito de Josiane.
Ontem D. Glória amanheceu muito inquieta, mais estranha que nos outros dias e bastou um descuido de Clarisse para que ela saísse com o carro e depois de longas horas de espera, chegou D. Glória, chorava muito e não conseguia se explicar e em meio o desespero o telefone tocou.

Era do hospital, josiane havia sido atropelada e morreu antes de ser socorrida, o desespero de Clarisse a levou a sair em alta velocidade rumo ao Instituto Médico Legal, mas antes que chegasse a ver o corpo da amiga foi abordada por policiais. Testemunhas passaram as características do veiculo que Clarisse dirigia e a parte dianteira do automóvel denunciava o atropelamento.

Na delegacia Clarisse denunciava a mãe, dizendo incessantemente ao delegado: Foi ela, ela matou minha amiga, minha mãe me tirou minha melhor amiga.
Com calma o delegado pediu que alguns homens fossem com ele buscar D. Glória, Clarisse algemada foi junto e ao chegarem em casa encontrou a já sem vida ao lado de um bilhete no qual se lia: Desculpe filha, ela era doente!
SIDI LEITE, bolsista.
sidyleite@yahoo.com.br

15 setembro, 2006

Curso: O Espaço Urbano de Goiânia: história, estrutura e atualidade

Em atendimento a um dos objetivos do Programa Conexões de Saberes da UFG/MEC, será realizado por intermédio do Laboratório de Geografia Humana (LABOGEO) do Instituto de Estudos Socioambientais (IESA) da Universidade Federal de Goiás, o primeiro curso de capacitação dos bolsistas do PCS-UFG.

O curso terá como objetivo promover várias formas de leitura do espaço urbano de Goiânia, em destaque a Região Norte da capital para contribuir na qualidade das intervenções do Programa Conexões de Saberes nesta região.

O curso será para atender em primeiro momento os bolsistas, mas também será aberto à comunidade e estudantes da UFG de graduação e pós-graduação.
O ESPAÇO URBANO DE GOIÂNIA: história, estrutura e atualidade


Dias: 16 e 17 de setembro de 2006
Local: Faculdade de Educação - Campus I


Programação


16/09/2006

Módulo I - Goiânia: diferentes leituras sociohistóricas - 8h
Prof° Dr. Eguimar Felício Chaveiro
-As diferentes interpretações de Goiânia
-A estrutura espacial de Goiânia
-Componentes sociais de sua metropolização

Módulo II - Goiânia na atualidade - 13h30minProf° Dr. Tadeu Alencar Arrais
-Goiânia e a Região Metropolitana
-Goiânia e o Eixo Gyn-Anápolis-Brasília
-Elementos atuais do espaço urbano goianiense;

Módulo III - Meio Ambiente Urbano de Goiânia - 16h
-O meio ambiente urbano de Goiânia
-A sociodiversidade ambiental de Goiânia;

17/09/2006

Módulo IV - Região Norte de Goiânia - Trabalho de Campo - 7h30min
Prof° Dr. Eguimar Felício Chaveiro
Pesquisador Aluno do LABOGEO: Ubiratan Francisco de Oliveira.

13 setembro, 2006

Encontro Conexões de Saberes X Pezinho de Jatobá

Neste último domingo (10/09) aconteceu a reunião do Conexões de Saberes com a comunidade e associação de moradores do setor Shangri-lá. Estiveram presentes a professora Angelita e alguns poucos bolsistas ( Edilton, Letícia, Luanna e Maiana), também contamos com a presença da professora Lisbeth (coordenadora do projeto pezinho de jatobá) e alguns componentes da associação de moradores.
Apresentamos o projeto do conexões e ouvimos as sugestões e necessidades daquela comunidade. Um dos integrantes da associação dos moradores, Daniel (estudante de biologia na ufg), pediu ajuda para o projeto ( cursinho popular) que está sendo desenvolvido com os alunos de escola publica e estudantes do 3° ano, hoje o projeto está funcionando somente aos sábados em uma escola municipal do Itatiaia.
A professora Lisbeth deixou a nossa disposição a salinha (onde funciona o projeto pezinho de jatobá). Por isso se alguém estiver disposto a começar a luta é só falar e partir para o abraço.
Eu e Taisse já estamos engajadas no projeto, estamos indo todas as sextas para o shangri-lá e fazendo ofina de leitura, desenho, jogos educativos, enfim estamos tentando desenvolver o hábito de leitura nas crianças do setor. Se alguém sintir interesse nos procure, toda ajuda é bem vinda, ou se sentirem interesse em promover algum outro tipo de oficina está livre!!!!
Abraço a todos:)

Luanna Matias/ bolsista

12 setembro, 2006

Nossa Comunidade...


Espero que com essas fotos vocês percebam, pelo menos um pouco, a realidade do "nosso setor"!!! Espero também que comecem a pensar no que poderia contribuir para tranformar essa realidade que vocês estão vendo, acredito que nós enquanto bolsistas temos uma responsabilidade muito grande com o futuro dessa comunidade!!!


Shangri-lá



Vai aí algumas fotos da comunidade que vamos trabalhar lá no Shangri-lá! Essas fotos foram tiradas no dia 08/09/2006.

Luanna Matias

Ensaio Fotográfico II - Sidi Leite e Vasconcelos Neto

Haaa, Natureza!



Sidi Leite

Sidi Leite
Sidi Leite





Vasconcelos Neto

Vasconcelos Neto

Vasconcelos Neto

Vasconcelos Neto



Para melhor identificação as que estão com data são fotos do Sidi Leite,
as outras (sem data) são do Vasconcelos Neto.


11 setembro, 2006

Extensão e Formação

Extensão e Formação

Em outubro deste ano acontecerá o 3° Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, em Florianópolis - SC. Ao preparar um artigo para submetê-lo ao evento, fiz uma reflexão profunda sobre a importância dos programas de extensão na formação acadêmica, afinal, qual a necessidade de se fazer projetos de ações nas comunidades?

Mas a indagação não pode se reter apenas desse debate, é necessário debatermos também o papel das instituições de ensino diante de duas frentes de ações, às vezes antagônicas devido suas estruturas metodológicas, que as Universidades buscam investir forças na atual conjuntura. A formação profissional e acadêmica e o atendimento às comunidades locais como forma de cumprir um certo "papel social da instituição".

Diante disso, necessitamos compreender o processo de constituição da escola pública no Brasil e sua ideologia liberal. As influências de outras ideologias e movimentos do final do século XIX e início do século XX. Entendermos como a nossa escola pública ainda é nova e está com seu tronco sustentáculo em constituição. Mas também, é importante ressaltar que esse processo se torna mais interessante se continuar em formação por toda a existência da escola, pois não podemos confiar em uma escola que está pronta e acabada para a sociedade e sim na escola que está em permanente processo de constituição.

A escola é um espaço de contradições (LIBÂNEO, 1985), mas de um pensamento hegemônico baseado na ideologia liberal(HILSDORF, 2004) e portanto, antagônico ao processo de democratização de suas estruturas materiais e imateriais para a sociedade contemporânea. Pensar em extensão é pensar em grandes desafios de tornar democrática uma estrutura calcada no individualismo e na fragmentação do ser.

Pensar em mudanças estruturais é pensar acima de tudo em mudanças superestruturais, já dizia Milton Santos, acrescentando que o inverso também se faz necessário, ou seja, não adianta mudarmos a ideologia de um projeto pedagógico, se não mudarmos a estrutura disponível para este projeto, pois uma estrutura escolar foi criada dentro de uma ideologia predominante que a projetou para atender seus objetivos.

Por quê a proposta de Paulo Freire foi trabalhada fora do sistema de ensino formal? Uma das justificativas pode ser a estrutura do sistema e suas implicações no ensino de jovens e adultos, excluidos do processo de alfabetização. As estruturas são excludentes, a começar pelo processo seletivo.

Agora imaginem vocês as dificuldades de se implantar projetos e ações de extensão sem se cometer incoerências e equívocos com o saber popular. Romper a dicotomia existente entre saber ciêntifico e saber popular. Milton Santos diziam também que o que escrevemos na academia só serve para a academia, o geógrafo não consegue escrever para a sociedade e necessita em muito da compreensão do modo de vida dessa sociedade para estudar a sua organização socioespacial.

Esses assuntos estão abordados no artigo "A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E A FUNÇÃO SOCIAL DA GEOGRAFIA" de autoria de Ubiratan Francisco de Oliveira - Bolsista de Extensão do Programa Conexões de Saberes e Pesquisador do Laboratório de Geografia Humana do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás - e-mail ubiratanfrancisco@yahoo.com.br

Curso: O Espaço Urbano de Goiânia: história, estrutura e atualidade

Em atendimento a um dos objetivos do Programa Conexões de Saberes da UFG/MEC, será realizado por intermédio do Laboratório de Geografia Humana (LABOGEO) do Instituto de Estudos Socioambientais (IESA) da Universidade Federal de Goiás, o primeiro curso de capacitação dos bolsistas do PCS. O curso terá como objetivo promover várias formas de leitura do espaço urbano de Goiânia, em destaque a Região Norte da capital para contribuir na qualidade das intervenções do Programa Conexões de Saberes nesta região.

O curso será para atender em primeiro momento os bolsistas, mas também será aberto à comunidade e alunos da UFG de graduação e pós-graduação.





















O ESPAÇO URBANO DE GOIÂNIA: história, estrutura e atualidade
Dias 16 e 17 de setembro de 2006
Local: Faculdade de Educação - Campus I

Programação
Dia 16/09/2006
Módulo I - Goiânia: diferentes leituras sociohistóricas - 8h
Prof° Dr. Eguimar Felício Chaveiro
- As diferentes interpretações de Goiânia
- A estrutura espacial de Goiânia
- Componentes sociais de sua metropolização

Módulo II - Goiânia na atualidade - 13h30min
Prof° Dr. Tadeu Alencar Arrais
- Goiânia e a Região Metropolitana
- Goiânia e o Eixo Gyn-Anápolis-Brasília
- Elementos atuais do espaço urbano goianiense

Módulo III - Meio Ambiente Urbano de Goiânia - 16h
- O meio ambiente urbano de Goiânia
- A sociodiversidade ambiental de Goiânia

Dia 17/09/2006
Módulo IV - Região Norte de Goiânia - Trabalho de Campo - 7h30min
Prof° Dr. Eguimar Felício Chaveiro
Pesquisador Aluno do LABOGEO: Ubiratan Francisco de Oliveira